A reforma do aparelho do Estado e a
Qualidade
Ultimamente muito se tem falado
sobre a Reforma do Estado e a Reforma do Aparelho do Estado. Antes de
qualquer consideração é preciso conceituá-las.
A Reforma do Estado implica reforma fiscal, revisão da Constituição
que permita modificações na forma de intervenção
do Estado no plano econômico e social e reforma da estrutura do
aparelho estatal e do seu pessoal. Esta última, parte da Reforma
do Estado - por envolver diretamente pessoas e delas depender para ser
bem sucedida - é, certamente, a parte mais importante e mais sensível
de toda a pretendida reforma.
A origem da administração do Estado remonta à administração
patrimonialista, onde os bens e a gestão do Estado eram confundidos
com os bens pessoais do rei ou de quem quer que fosse o mandatário.
Como decorrência desse modelo absolutista de administração,
floresciam o nepotismo, o empreguismo e o fisiologismo.
A administração burocrática (literalmente) clássica
surgiu para atender às novas formas de organização
política dos estados modernos e eliminar as mazelas da administração
patrimonialista, instituindo como procedimento regular a admissão
de pessoal por concursos, a concorrência para contratação
de obras e serviços pelo Estado, a administração
centralizada, hierárquica, rígida, fundamentalmente baseada
na idéia do controle.
Esta administração burocrática clássica, mesmo
sem eliminar os pecados da administração patrimonialista,
foi uma evolução na forma de gerir o Estado. Todavia, por
ser excessivamente regulamentada, repleta de formalidade e rotinas de
trâmites, assinaturas, papéis e etc, acabou trazendo para
o Estado morosidade e custos excessivos. A burocracia, agora no seu sentido
pejorativo, fez com que se perdesse de foco a verdadeira e real razão
de ser do Estado: o cidadão.
A crise do Estado Brasileiro, construída desde há muito,
não foi impedimento para que esse mesmo Estado, por ser seu papel,
assumisse um crescente número de serviços sociais como educação,
saúde, segurança, seguridade, etc. Fenômeno idêntico
ocorreu praticamente em todo o mundo, sem distinção de regime
político. A acelerada deteriorização da qualidade
dos serviços públicos colocou em discussão a administração
burocrática clássica a qual, mesmo sendo reconhecida como
segura, diz-se, não tem sido eficiente, já que não
garante nem custo baixo nem qualidade adequada nos serviços prestados
ao público.
Nos últimos anos, mundo afora, vem se discutindo um novo modelo
de administração pública, e aos poucos foram se delineando
seus principais contornos: uma administração descentralizada,
baseada no pressuposto da confiança e delegação,
apoiada no resultado e não no controle, voltada para a eficiência
e qualidade dos serviços prestados à população.
Sendo o Estado um ente inanimado, incapaz por si só de prestar
serviços, algumas questões se colocam: como fazer a travessia
para esse Estado mais eficiente, que prestará um serviço
de melhor qualidade aos cidadãos? Como mobilizar para essa travessia
o corpo funcional hoje existente, já tão desmotivado e tão
desacreditado?
A resposta parece clara. A reforma só será possível
mediante o aparelhamento e treinamento do corpo funcional em modernas
técnicas de gestão, ao mesmo tempo em que se rediscuta e
se resgate os seus valores e papel na prestação de serviço
pelo Estado. A passagem de um modelo de gestão para outro não
se fará por decreto, só acontecerá a partir da mudança
de comportamento das pessoas e a partir do entendimento que o ser humano
é o único elemento capaz de promover a verdadeira reforma.
Compreender isso é entender o que preconiza a Qualidade Total.
A Gestão pela Qualidade Total, ao eleger o homem como o mais valioso
patrimônio das organizações, merecedor de todo o investimento
necessário para que possa cada vez mais realizar um trabalho melhor,
torna possível qualquer travessia, por mais difícil que
seja.
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